A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos. (Charles Chaplin)

domingo, 20 de setembro de 2009

Descrição...

Eu escancarei a porta - ridiculamente ansiosa - e lá estava ele, meu milagre pessoal.
O tempo não me deixara imune à perfeição de seu rosto, e eu tinha certeza de que nenhum aspecto dele deixaria de me surpreender. Meus olhos acompanharam sua feições pálidas: o quarado do queixo, a curva suave dos lábios cheios - agora retorcidos num sorriso -, a linha reta do nariz, o ângulo agudo das maças do rosto, o mármore macio da testa - parcialmente oculta por uma mecha de cabelo bronze, escuro com a chuva...
Deixei os olhos para o final, sabendo que, quando olhasse dentro deles, talvez perdesse o fio do pensamento. Eles eram grandes, calorosos como de outro líquido, e emoldurados por uma franja grossa de cílios escuros. Olhar seus olhos sempre fazia com que eu me sentisse extraordinária - como se meus ossos tivessem virado esponja. Eu também ficava um pouco tonta, mas isso devia ser porque eu me esquecia de respirar. De novo.
Era um rosto que qualquer modelo no mundo daria a alma para conseguir. É claro que este podia ser exatamente o preço pedido: uma alma.
Não. Eu não acreditava nisso. Senti-me culpada até de pensar nisso e estava feliz - sempre ficava feliz - por ser a única pessoa cujos pensamentos eram mistérios para Edward.
Peguei sua mão e suspirei quando seus dedos frios encontraram os meus. Seu toque vinha com a sensação de alivio - como se eu estivesse com dor e o sofrimento de repente cessasse.

[...]

(Eclipse • págs 21 - 22)

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