* A gente inventa problemas, quando eles não existem. É que dói mais do que chorar o dia todo, ser feito de sorrisos. Não sou feito de sorrisos. Eles são arremessados de todos os lados contra mim, os vejo a me atingir, desvio, fujo, cubro-me, mas muitos prendem-se às minhas roupas, como velcro. Ao meu redor vejo gente adimirando todos esses sorrisos, sem, ao menos, ver que minha boca não estampa dente algum. São todos meus? São todos sinceros? Há motivo suficiente neles? (Lucas Silveira. /beeshop)
* Eu acho que muita gente deve estar tendo os mesmos pensamentos que eu, nesse momento. É como se eu fosse um texto em que você só leu o primeiro parágrafo, ou apenas o título, ou até mesmo simplesmente ignorou por não gostar da ortografia do escritor. (Lucas Silveira. /beeshop)
* E eu não falo de dor. Eu falo da angústia que é não sentir nada. Eu falo da vontade de chutar a tua porta com as duas pernas e gritar uma porção de coisas nos teus ouvidos até você acordar assustada. Isso já te faria me conhecer um pouco melhor, e saber do que eu sou capaz. (Lucas Silveira. /beeshop)
* O que é mais abstrato do que o amor? Ele não tem forma nem cor, mas é o que me faz parar o coração. A gente busca incessantemente essa sensação de enfartar de amor, de sentí-lo pulsando e estourando nossas veias. Que outra coisa nos leva a isso? O que mais justifica todos os poemas, todas as músicas, toda a angústia e inspiração do mundo?
* Só ele, o amor. A pintura abstrata que muita gente já não aprecia mais. Em busca de retratos reais, a gente se joga nas cordas do comodismo, esquecendo o verdadeiro motivo de estarmos aqui. (Lucas Silveira. /beeshop)
* Tem uma constelação com o teu nome. E, mesmo se não houvesse, não me vem à cabeça outro pensamento, quando eu olho pra cima.
* Enquanto meus braços não são capazes de te alcançar, contento-me com a certeza de que estamos sob o mesmo céu, e com a chance de estares olhando para a mesma estrela que eu. (Lucas Silveira. /beeshop)
* Quando, com um passo, tu ficas dois passos mais distante, é porque ela também está indo embora.
* É aí que tu começas a pensar nesses laços invisíveis que nos amarram uns aos outros. Que tamanho eles podem ter? Podem continuar apertados mesmo quando suas pontas já não mais ocupam o mesmo lugar? Sentes um fisgão nos pulsos quando abraças outro alguém?
* Livra-te dos laços. Não falo de cortar. Podes desamarrá-los com o mesmo carinho que tiveste quando os tornaste apertados como braçadeiras. Lembra-te de que laços não são algemas.
* Agora divide essa corda e presenteia quem tu quiseres com esses pedaços. Eles são pequenos o suficiente para não virarem nós? (Lucas Silveira. /beeshop)
* Eis que surge. Um parágrafo em meu peito. Idéias bem definidas, claras e simples. Mas a caneta teima. Teima em transferir para o papel tais idéias. Entristeço-me. Pergunto-me qual o motivo de tamanho mistério, tamanha vontade de complicar. Mas a caneta não responde. Tudo que ela escreve é isso. Punhados de idéias mascaradas, pensamentos encobertos e sentimentos nebulosos. (Lucas Silveira. /beeshop)
* Alguma solidão, alguma desilusão é necessária, pra que saibamos onde, estamos o que sentimos e o que queremos. E provocar uma desventura dessas na vida de outra pessoa às vezes torna-se primordial, pra que saibamos o quanto valemos e o que significamos. (Lucas Silveira. /beeshop)
* Passei a acreditar que a felicidade mora na inexistente fração de tempo em que o passado toca o futuro. Se o passado é distração e o futuro, preocupação, sobra para nós, perseguidores da felicidade, a inexistente ilusão do presente, em que tu és o que tu fazes, e nada nem ninguém mais importa. Isso é felicidade. Agora te concentra e tenta materializar um momento que não acontece jamais. Sorria, pois já é quase dia e tu tens que acordar cedo. (Lucas Silveira. /beeshop)
* Pessoas são brinquedos
Já vêm de fábrica cheios de defeitos
E não há troca ou devolução
No manual não há instrução
* Dura um segundo, uma noite, uma vida...
A única garantia que vem do olhar
* E o coração é uma parte pequena
Que pode ser engolida ou aspirada
Caso você seja imaturo demais pra brincar. (Lucas Silveira. /beeshop)
* Hoje eu respiro tão fundo que posso sentir aquele cheiro, mesmo que de muito longe. Tão fundo que as cinzas dessa lareira hoje impregnam meus pulmões, da superfície até o mais escondido de seus alvéolos. É essa vontade de tudo ter. É essa insana paranóia de dobrar esquinas, impulsionado pela ilusão de, a cada novo horizonte, encontrar a pessoa-motivo para seguir reto. Mas eu só vejo que estou andando em círculos após dobrar a quarta esquina. Vou a pé e, talvez por isso, ignoro todas essas placas que foram feitas pros carros, em que casais apaixonados sorriem com seu amor de ar-condicionado. Pega teu carro e vai. Liga teu amor-condicionado (Lucas Silveira. /beeshop)
* Existem sentimentos que nos levam a fazer coisas inacreditáveis, inimagináveis e até, por vezes, patéticas. Colocam à prova nossas convicções, nossa capacidade de suportar a dor, a pressão e a angústia, só para deixar bem claro que somos bem maiores do que um dia achamos ser. Assim a gente olha pra trás e vê o quão longe chegamos. (Lucas Silveira. /beeshop)
* Por muito tempo você acreditou que viveria o resto dos seus dias sem jamais voltar a cruzar o meu caminho. No entanto, ecoa pelo ar e chega aos teus ouvidos a minha voz e minha figura te ocupa o fundo dos olhos, seja qual for o lado que você esteja a olhar. É o tempo fazendo a justiça que eu tive preguiça de lutar para obter. É o dia-após-o-outro, é o aqui-se-faz-aqui-se-paga em dose pura e concentrada, vagando pelas tuas veias, te matando aos poucos. É cada aresta de cada letra de cada frase que eu escrevo te cortando a pele como uma navalha cega. É a imagem, o som e a sensação da angústia e da dor. É o tormento causado pela lembrança que hoje bate à sua porta. (Lucas Silveira. /beeshop)